No dia 15 de outubro, o (im)Pastor Silas Malafaia colocou no ar uma palavra profética, digo, patética, na qual mais uma vez se utiliza dos argumentos de seus gurus americanos Morris Cerullo e Mike Murdock: que o deus deles dará riquezas e multiplicará sobremaneira o valor que os ofertantes enviarem a seu ministério. Seria mais do mesmo, não fosse a data da profetada: faltando 16 dias para a comemoração do Dia da Reforma Protestante.
Pena que não moro no Rio de Janeiro.
Se morasse, amanhã mesmo estaria na frente da Assembleia de Deus Vitória em
Cristo, igreja do (im)Pastor Malafaia, fazendo uma enquete entre os fiéis: o
que se comemora no dia 31 de outubro? O que foi a Reforma Protestante? E o que
os evangélicos têm a ver com o movimento protestante?
Sinceramente, não me espantaria de
respostas como: dia 31/10 é o Dia das Bruxas, Reforma Protestante eu aprendi na
escola, mas faz muitos anos e já esqueci, e esse negócio de protestante é coisa
de esquerdista.
E por que acho isso?
Porque alguém que conhece o movimento
reformador e conhece as essências do Evangelho jamais cairia na lábia de
(im)pastores como o próprio Malafaia.
Na palavra patética proferida,
Malafaia afirma que ela vem de "deus". Segundo o contato que teve com
"ele" (imagino que via celular, pois a mensagem veio tão truncada que
nela não se reconhece nada do Evangelho de Cristo), Malafaia traz a instrução
de que quem ofertar quantias preestabelecidas receberá bênçãos também
preestabelecidas.
São cinco modalidades de ofertas e
suas consequentes bênçãos, a seguir:
É interessante que, quando cita a
oferta de qualquer valor, o (im)Pastor faz questão de grifar várias vezes que
ela tem que ser uma "oferta de sacrifício", a oferta do "melhor",
ou seja, se for dar menos que mil reais, o fiel tem que dar o máximo que puder
para valer a pena.
Mas Malafaia tenta ser bonzinho. Ele
diz que aceita qualquer oferta porque quer que todo o mundo receba a bênção. E
a bênção é para quem dá dinheiro para o SEU ministério. Se o fiel resolver
ofertar em missões na Nigéria, infelizmente a mandinga gospel não vai
funcionar.
E agora é para rir (ou chorar ainda
mais):
Para dar exemplo, Malafaia diz em
certa parte do vídeo que se uma pessoa tiver como "o melhor" dez
reais, então pode ofertar dez reais e participar da tal "palavra
patética". E como só acredito vendo, fui lá no site do Vitória em Cristo
simular uma oferta de dez reais. Olha só o que aconteceu:
Não consegui ofertar os dez reais
exemplificados pelo Malafaia porque o site só aceita oferta mínima de R$ 12,00!
Ê, Malafaia...
Mas enfim, isso foi só algo hilário.
Agora vamos ao mais triste e abominável. Malafaia não apenas troca bênçãos por
ofertas (e isso na minha terra se chama COMÉRCIO) como também promete orar por
30 dias pelo ofertante. E grifa, no final do vídeo, que vai orar "é
lógico, se você efetuar sua oferta".
Nessa "palavra patética",
como visto no quadro acima, o (im)pastor foi informado pelo deus dele que seria
um número limitado de ofertantes para cada modalidade financeira: 7 com mais de
dez mil, 10 com 10 mil, 12 acima de cinco mil e assim por diante. Esse negócio
de estipular um número de ofertantes que receberão a bênção é uma estratégia
bem antiga, pois dá a entender que realmente Deus falou com o profeta, dando
até o número exato de pessoas que serão agraciadas. Porém, não há nenhuma forma
de averiguar o número de ofertantes. Mas como Deus (o verdadeiro) não deixa que
nada fique em oculto, o (im)Pastor Silas Malafaia, num ato falho de vaidade,
abriu o jogo do que acontece numa reportagem de 2011 na Revista Piauí. Nessa
época, Morris Cerullo havia ido ao seu programa e profetizado que 12 pessoas
ofertariam R$ 10.011,00 e que, por isso, receberiam bênçãos financeiras acima
da média, além de receberem oração do próprio Cerullo. Porém, você sabe quantas
pessoas realmente ofertaram R$ 10.011,00 para o Malafaia?
(Último parágrafo)...[Malafaia] Terminou
a conversa revelando o resultado dos pedidos de oferta. Em menos de dez dias, 145 pessoas haviam doado os 10 011 reais e outras 2 mil, os 911 reais. “Alguma compensação eles
devem ter, não acha?”, perguntou.
Malafaia não devolveu o dinheiro de
quem ofertou acima dos 12 profetizados por Cerullo. E nem pediu nos programas
seguintes que deixassem de ofertar tal quantia, ao contrário, reprisou o
programa várias vezes para que mais pessoas tivessem acesso e aumentasse a
arrecadação. Lobos devoradores!!!
E o mesmo, acredite, acontecerá com a
tal "palavra patética" de hoje. Somando os ofertantes citados pelo
deus malafaiano, dá menos que 10% dos fiéis apenas de sua igreja-sede (fora
todas as igrejas que possui em todo o Brasil). Assim, nem precisaria levar essa
mensagem à tevê para alcançar os valores designados pseudo divinamente.
Porém, o objetivo é arrecadar. Os
números de ofertantes citados é para tentar esconder a ganância por trás do
negócio em nome do Sagrado.
E pensar que estamos para completar,
daqui a poucos dias, 499 anos do dia em que Martinho Lutero afixou suas teses
na porta da Catedral de Westminster (alguns historiadores relatam que as teses
foram enviadas diretamente ao Papa Leão X). E isso porque, naquela época, a
Igreja cristã oficial estava trocando o perdão de pecados por ofertas (a venda
de indulgências, que em nada se diferenciam à venda de bênçãos praticada nos
dias atuais por uma parcela das igrejas evangélicas). Homens e mulheres
sofreram grandes perseguições, torturas e mortes dolorosas por não aceitarem
que o Sagrado fosse uma mercadoria a ser comercializada.
E vieram a Jerusalém; e Jesus,
entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e
derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas.
E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo.
E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.
E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina.
Marcos 11:15-18
E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo.
E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.
E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina.
Marcos 11:15-18
Como é triste e assombroso ver que,
séculos depois, voltamos ao que havia de pior no Cristianismo. O inimigo
continua semeando o joio em meio ao trigo, não apenas no mundo, mas dentro das
igrejas também.
E, indo, pregai, dizendo: É chegado o
reino dos céus.
Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
Mateus 10:7,8
Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
Mateus 10:7,8
Deus não precisa do meu e do seu
dinheiro. Deus provê a todos, conforme Sua vontade. Porém, nós nos alegramos em
ofertar voluntariamente em prol dos irmãos mais necessitados e para o sustento
da Igreja na terra. Essa oferta é de coração, sem exigir nada em troca, por
amor, pois Ele nos amou primeiro e tudo nos dá sem que mereçamos. O inimigo de
nossas vidas é que tem ganância, avareza, ódio, e por isso não consegue
entender que alguém doe sem esperar nada em troca.
O exercício do amor incondicional,
seja através de quaisquer atos ou mesmo de doações, para o inimigo de nossas
almas é uma prática de "trouxas". Os "ixpertos" são aqueles
que dão sim, mas sabendo que receberão muito mais em troca, no "jeitinho
brasileiro" gospel.
O verdadeiro ato de amor incomoda as
trevas, que tentam ridicularizar os que verdadeiramente seguem a Cristo.
Que possamos acordar para a realidade
e as essências do Evangelho. E que os comerciantes pós-modernos da fé se
arrependam enquanto há tempo.