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O profeta e o cabo-eleitoral

Todo cristão deveria ter voz profética. Mas todo cristão deveria ser cabo-eleitoral?

Silas Malafaia estava esbravejando as más qualidades do candidato adversário na eleição, apontando seu envolvimento com a promoção do homossexualismo. Mas ele ignorou completamente que o seu próprio candidato não estava isento de tal envolvimento. Sua meta era óbvia: ajudar seu candidato escolhido a ganhar. Ele foi, assumindo esse rótulo ou não, um cabo-eleitoral.

Há algo de errado com esse quadro?
Do ponto-de-vista secularista e oportunista, nada.
Mas do ponto-de-vista cristão, há incoerência, pois o seguidor de Jesus Cristo tem o chamado de espelhar na terra seu Senhor e sua justiça. E na justiça de Deus não cabe iniquidade, seja a promoção do homossexualismo ou outro pecado grave em qualquer grau que seja.
Onde o pecado predomina, a voz do cristão precisa ser profética e denunciá-lo. Se dois candidatos numa eleição são pró-aborto e pró-homossexualismo, em qualquer grau que seja, a responsabilidade do cristão não é ser cabo-eleitoral de um deles, mas voz profética contra os dois.
Os líderes cristãos que têm mais proeminência têm a responsabilidade, diante de dois candidatos iníquos, não de serem grandes cabo-eleitorais, mas de levar o povo de Deus às ruas e defender em alto e bom som a família e a vida.
Eles também podem, como cidadãos, rejeitar os maus candidatos, com o apoio de milhares do povo de Deus que igualmente anseiam a defesa da família e da vida.
O cabo-eleitoral, seja cristão ou ateu, só pode denunciar o candidato adversário.
Mas o profeta não tem limitações. Ele denuncia todos os candidatos anti-família. Apoiou o aborto? Apoiou o homossexualismo? A voz do profeta não se intimida, mas denuncia.
Claro que se houver um candidato que realmente defenda a família, o cidadão cristão tem a responsabilidade de votar nele. Mas o quadro brasileiro não apresenta tal opção.
Se tivéssemos no Brasil um candidato que fosse pelo menos neutro, já acharíamos uma grande bênção. Mas nem isso temos.
O que amargamente temos são candidatos que defendem em maior ou menor grau a agenda gay e abortista. São candidatos que não merecem voto de nenhum cristão verdadeiro.
Mas o cabo-eleitoral não olha para esse aspecto. Sua função é pedir votos e atrair pessoas para seu candidato.
Quer seja cristão ou não, o cabo-eleitoral só vai atrás de votos.
Em contraste, o cristão que deixa Deus usá-lo como voz profética não pede votos, mas atrai as pessoas para Deus. E se ele precisa se envolver com algum candidato, ele escolhe um homem verdadeiramente pró-vida e não age por oportunismo, ganância e hipocrisia.
Na ausência de tal homem, ele mostra que a solução é a sociedade iniqua e os candidatos iníquos se arrependerem com sinceridade e se voltarem para Deus.
A função do líder cristão é ensinar, seja em eleição ou não, a diferença entre o santo e o profano, o puro e o impuro e o certo e o errado. Sua missão não é apoiar o candidato 99% infernal contra o candidato 100% infernal. Sua missão não é ser cabo-eleitoral de um de dois candidatos claramente iníquos.
A Bíblia é totalmente pró-vida e pró-família. Por isso, não faz sentido a Bíblia e os cristãos serem usados para estar a serviço de uma ideologia assassina.
O cabo-eleitoral fala em nome de um candidato e uma ideologia, enquanto que o profeta fala em nome de Deus.
O cabo eleitoral faz a vontade de um candidato e uma ideologia, enquanto que o profeta faz a vontade de Deus.
Com o fim da eleição, termina o trabalho do cabo-eleitoral. Mas a missão da voz profética não termina nunca.
Num quadro onde só há candidatos anti-família, os cristãos não deveriam ser cabos-eleitorais, mas todos eles deveriam ter voz profética, e a liderança cristã deveria marchar nas ruas com milhões dessas vozes rejeitando toda agenda anti-família e seus promotores.
Precisamos de líderes cristãos que, a semelhança de Moisés, conduzam o povo de Deus em sua cidadania mais elevada.
Quão triste é que nas eleições brasileiras muitos líderes cristãos, como Malafaia, deixem sua voz profética no armário para serem meros cabo-eleitorais de uma ideologia assassina ou de um promotor anti-família, anulando assim seu chamado celestial em troca de um chamado terreno e corruptível.

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