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Malafaia abre filial da sua empreja na capital do capital






Hoje o (im)Pastor Silas Malafaia está todo radiante. Afinal, é o dia da inauguração do "templo provisório" da sua igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) na cidade de São Paulo. Disse ser um templo provisório, pois já tem o terreno e o projeto para a construção de uma catedral para até 9 mil fiéis. No templo provisório, localizado em frente ao Shopping Mooca Plaza, a capacidade é de 4 mil pessoas.
Inteligente a estratégia de empreendedorismo gospel do Malafaia na capital financeira do país. Primeiro, abre uma grande igreja num ponto de relativo fácil acesso (estação de trem, tendo como ponto de referência um shopping). Como a cada culto suporta 4 mil pessoas e deverão ser em média uns 6 cultos semanais (tendo como referência a programação do templo no Rio de Janeiro), imagina-se uma grande arrecadação semanal na forma de dízimos e ofertas.
E essa arrecadação tende a ser bastante agressiva. Afinal, existe um terreno (que se dirá que precisa ser pago), um grande projeto de catedral gospel (que precisa ser viabilizado, para aumentar o número de frequentadores de 4 para 9 mil a cada culto), fora, obviamente, o valor do aluguel e das despesas do templo provisório e, claro, ajuda para o pagamento dos programas de televisão.
Só a título de curiosidade, a catedral malafaiana carioca custou a bagatela de 30 milhões de reais. Quanto custará a catedral paulistana?
Não importa. O que importa é que o empresário de visão vai para onde o dinheiro está. Apesar da crise, é em São Paulo que circula boa parte do dinheiro do país. E um dia a crise vai embora (segundo alguns economistas, haverá melhoras a partir de 2018).
Mas existem dois setores que não sofrem (ou sofrem muito pouco) com a crise: o setor bancário e o mercado da fé. Esse segundo, ainda por cima costuma dar um pequeno prejuízo para o primeiro. Explico:
Na Teologia da Prosperidade, na qual o "deus" dá retorno ao fiel proporcionalmente ao que dele recebe na forma de ofertas e dízimos entregues à instituição religiosa, a ideia é dar o máximo possível para receber no futuro esse máximo multiplicado 10, 20, 100 vezes mais. Em nenhum lugar do mundo os bancos oferecem lucratividade tão alta em tão curto espaço de tempo (os impastores costumam propagar a bênção em uma semana, um mês, um ano quando muito). Assim, qualquer um que tenha noções mínimas de matemática (e nenhuma noção do que Jesus Cristo realmente ensinou) entende que é mais lucrativo tirar o dinheiro da poupança e aplicá-lo no poço sem fundo das igrejas da prosperidade. Como, em meio a uma multidão de fiéis, estatisticamente alguns realmente ficarão prósperos (com ou sem dízimo), esses alguns se tornam testemunhos poderosos de que o negócio com o Sagrado realmente funciona. E assim, líderes religiosos inescrupulosos conseguem manter seus impérios apesar de quaisquer crises.
Eu mesma sei de várias pessoas que retiraram todo o dinheiro de suas aplicações financeiras para transferi-los para contas de igrejas que seguem a diabólica Teologia da Prosperidade. Infelizmente, por mais que se tente demovê-las, isso não é possível. A lavagem cerebral feita nessas igrejas é tão grande a ponto dos fiéis acharem que serão castigados caso desobedeçam às ordens do seu (im)pastor. Como exemplo, um triste caso contado no Facebook, no qual uma senhora carregava a culpa da morte de seu filho por não ter dizimado no mês em que ele coincidentemente morreu.
Mas voltemos ao empresário gospel e mercador da fé, o (im)Pastor Silas Malafaia. Aberta a filial provisória da sua empreja, a meta inicial será convencer os fiéis de que precisam ajudar - e muito! - financeiramente para o pagamento do templo provisório, dos programas de tevê e para a construção do megatemplo oficial. E dá-lhe campanha financeira, pregações de autoajuda gospel, venda de bênçãos em troca de grandes ofertas, enfim, tudo aquilo que ele já faz há tempos.
E Evangelho de Jesus Cristo que é bom...
E, uma vez realizado o projeto do megatemplo, São Paulo terá mais uma grande catedral linda e imponente, cheia de pompa e circunstância, pronta para concorrer com o Templo de Salomão, com a Cidade Mundial e com tantas outras catedrais que, de Jesus Cristo, Aquele que é manso e humilde de coração, não têm nada.
Estão mais para antros de adoração a Baal e a Mamom, pois ensinam a adorar a si próprio, a ser maior e melhor do que os outros e a amontoar tesouros nessa terra que jaz no maligno.
Como empresário da fé, Malafaia está é muito certo. Está investindo na cidade onde pode ganhar muito dinheiro. Investindo é modo de dizer, pois o dinheiro virá dos fiéis, totalmente livre de impostos e deduções. E no final, o megatemplo luxuoso não pertencerá a Deus ou aos fiéis. Pertencerá à Malafaia e sua família, embora conste o nome de ADVEC como proprietária. Ou alguém acha que os feudos saem das mãos de seus donos? Hoje o presidente da ADVEC é Malafaia, amanhã será o Malafaia Júnior, depois o filho do Júnior, e assim por diante. Mas quem investiu - e muito! - continuará de campanha em campanha, esperando uma prosperidade financeira que só os líderes religiosos, com seus argumentos sem qualquer escrúpulo religioso, conseguem obter.
Aqui cabe um adendo: anos atrás a Revista Forbes nomeou Malafaia como um dos 3 pastores mais ricos do Brasil, com uma fortuna estimada em 150 milhões de dólares. Malafaia está processando a revista, afinal alega que esses milhões não são dele, estão em nome da ADVEC. Está tudo claro ou preciso desenhar?
Se, como empresário, Malafaia está certo, como Pastor Malafaia está no caminho errado. Espiritualidade, santidade, fé, temor a Deus não se mede pelo tamanho ou luxo do templo. As Escrituras nos ensinam, ao contrário, que o Templo do Espírito Santo somos nós, eu, você, o pobre, a viúva, o doente, o necessitado. Nesses templos é que a verdadeira Igreja investe seus recursos.
Os valores do mundo são o mais e o melhor. Os valores de Deus, o menos e o menor, para que ninguém Lhe roube a glória. Jesus morreu em nosso lugar não para que nos assentássemos em poltronas de couro e debaixo de potente ar condicionado, mas para que fôssemos salvos apesar de sermos pecadores. Muitos enriquecemos líderes religiosos e suas instituições pela ganância do recebimento da bênção cem vezes mais, mas somos incapazes de ajudar um parente ou conhecido que passa, nesses tempos de crise, por grave situação financeira. Na igreja, temos a promessa de multiplicação aqui e agora. Mas ajudar ao pobre, em que serei retribuído?
Infelizmente, só temos sido ensinados a juntar tesouros na terra, e Malafaia é um desses professores. Ah, se juntássemos tesouros nos céus!
Termino com um longo vídeo (mas que vale muito a pena ser visto), de uma pregação do (im)Pastor Silas Malafaia, na qual anos atrás ele desafiou os críticos de seus ensinos a mostrar onde estava a heresia. Confesso que foi muito fácil, pois Malafaia não prega em prol do Reino, mas em prol de si mesmo.

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