De uns tempos para cá, muito tem se falado sobre como pastores são
desnecessários. Que com o sacerdócio universal dos santos o ministério pastoral
tornou-se um desvio, um anacronismo descartável. Pastor de tempo integral? Não
precisa, dizem. Basta ter um "irmão mais experiente na fé" que nos ajude na
caminhada e está tudo certo. Entendo as causas desse fenômeno, típico do século
21, mas sou obrigado a discordar dele. A verdade é que escândalos públicos
envolvendo pastores fizeram essa "categoria" cair em descrédito. Quem antes era
reverendo hoje é suspeito até que se prove o contrário. E, para muitos,
é melhor matar o corpo todo do que amputar um dedo gangrenado. Então, na dúvida,
cortem a cabeça do ministério pastoral institucional. Só que isso é pecar pela
generalização e descartar o que Deus não descartou.
Tomo
como parâmetro meus três amigos pastores. São homens tementes a Deus, comedidos com
dinheiro, que tratam as ovelhas de modo extremamente amoroso - seja
disciplinando, seja restaurando. São pessoas verdadeiramente vocacionadas,
homens de Deus visivelmente preparados para desempenhar suas funções
eclesiásticas. Sacerdotes que, mais do que julgar o erro alheio e punir
pecadores, como verdadeiros cristãos que são se preocupam com o que Jesus de
fato se preocupou: não condenar pessoas, mas conduzi-las ao Céu.
Algum tempo atrás,
enfrentei um processo pessoal muito difícil. E alguns pastores amigos foram essenciais para que
eu me mantivesse de pé. Testemunhei da primeira fila a diferença que alguém que
exerce o ministério por um real chamado divino é capaz de fazer na vida de uma
pessoa. Devido a esse processo tinha perdido o ânimo ministerial. Mas foram amigos pastores quem me incentivou a prosseguir.
Nesse
período da minha vida, vi amor em quem poderia adotar aquela postura carrasca
que vemos em muitos pastores com mais notoriedade. Sim, meus pastores são
anônimos, você possivelmente nunca ouviu falar deles. Mas, de dentro de seu
anonimato, fizeram mais pela minha alma do que todos os pastores famosos juntos.
Vi compaixão e um interesse legítimo de cuidar das ovelhas. Pastores ligaram de outro país para saber como eu estava. Vi esperança para o tão criticado
ministério pastoral.
Esse processo
pelo qual passei me fez repensar muitas, muitas coisas. Entre elas, notei, para
minha surpresa, que me sinto mais tolerante. Percebi que não me chateio mais com
quem critica a figura do "pastor institucional". Depois de tudo o que enfrentei
e de ter visto a diferença que um pastor de verdade faz em nossa vida
espiritual, o que sinto por quem abdica do privilégio de ser pastoreado é,
confesso, um pouco de pena - e espero que ninguém se ofenda com isso.
Possivelmente o crítico é alguém que teve experiências ruins com maus pastores,
que foi magoado por sacerdotes mal preparados, foi ferido ou ignorado por
ministros do Evangelho sem entendimento do amor de Deus. Se é o seu caso, meu
irmão, minha irmã, minha oração é que encontre bons pastores. Aqueles que deixam
as 99 ovelhas no aprisco em busca da única perdida. Que cumprem com modéstia seu
chamado. Que amam a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Efésios 4.11 menciona que "Deus deu uns para pastores", logo, existem os
verdadeiramente chamados para isso. E menosprezá-los seria culpar quem Deus não
culpa. Meus pastores, afirmo, não são "irmãos mais experientes na fé". São
PASTORES, no sentido mais estrito e bíblico da palavra.
Vivi
na pele a importância de ter um bom pastor. Que, mais do que um juiz ou um
déspota, é um pai. E, como tal, disciplina quem ama, se for o caso. Oferece o
abraço, se for o caso. Dá orientações bíblicas e aponta caminhos, se for o caso.
E - em todos os casos - tem sempre uma única preocupação em mente: conduzir cada
ovelha que lhe foi confiada por desígnio divino no caminho do Céu.
Saiba
que seu pastor é seu aliado. Se ele não é perfeito... e daí? Você é? Pastores
têm o direito de errar, dê um desconto. São humanos. E não super-humanos.
Pastores pecam tanto quanto você e são perdoados por Deus tanto quanto você. O
que não faz deles menos pastores. Portanto, não menospreze um bom "sacerdote". Se
o seu não é "bom" e você não reconhece nele autoridade, busque outra igreja e
outro pastor, isso não é pecado. O importante é você ter um homem vocacionado
por Deus para zelar por sua alma.
Hoje,
mais do que nunca, sei o quanto um pastor é importante em nossa vida. Se
deixarmos de lado a puerilidade ou o senso de rebeldia característico da era
pós-moderna e reconhecermos nos homens verdadeiramente chamados pelo Senhor pessoas confiáveis, teremos à disposição instrumentos maravilhosos
de Deus para nos auxiliar em nossa pedregosa caminhada nesta terra.
Sou
grato a Cristo pelos pastores que tenho. Homens que me abençoaram e me abençoam
enormemente. E oro a Deus todos os dias por eles, em gratidão. Pois só o Senhor
sabe como foram importantes nas minhas crises passadas, na minha vida hoje e no
futuro da minha jornada. Muitas vezes sem que eles nem ao menos soubessem: por
uma palavra, uma orientação em gabinete, uma pregação, longas conversas, um abraço dado no momento
certo.
Ame
o seu pastor. Pois o fato de você ter um pastor é uma das provas de que Deus te
ama.
Paz
a todos vocês que estão em Cristo,
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