Quando conduzido ao pecado, me visto de pensamentos hipócritas. Culpo pessoas pelo erro que é meu e desejo beber de uma graça profana. Busco palavras em escritores pífios, desejo ler meus contos prediletos. Rejeito a priori aquele livro de capa negra que me abre a alma como um velcro, e me desnuda o ser quando desfere o corte.
Porque é que desejo ler Brennan Manning e não o Livro? Porque é que desejo tanto ler um capítulo de Phillip Yancey?
Sim, eu sei: É porque estou desesperado por graça; mas é de uma graça profana que não pune o erro. É porque desejo um Deus que me ame sempre, mas fujo do pastor que com cajado fere. É porque desejo ser abraçado como o pródigo, mas esqueço que há disciplina divina para quem erra.
Ainda bem que a Graça é soberana, e sem contemplar minhas preferências, age. Deixa-me ansioso, enche-me de temores, me confronta e humilha. Mas quando atua, toda culpa leva. E deixa a alma leve... Que a tua graça leve!
Ah, como é difícil ser barro! Que grande inimigo abrigo dentro de mim! A vontade é bigorna e o desejo, um martelo, que quando golpeia despedaça sonhos, sufoca o fogo, pisa a brasa, faz cessar o calor... Como está tudo mais frio agora!
E você, amigo leitor?
Oh, miserável homem: Quem te livrará deste corpo de morte?
Acaso pensas tu, oh fraco, que és forte?
Pois estás condenado a esta mesma sorte.
Mas a graça é graça! E se o homem peca, é porque é barro. E se a graça fere é porque é graça! E se o pai corrige, é porque ama.
Sim, sou barro! Mas o barro comprado por sangue...
Sim, sou barro! Mas barro lavado, projetado antes da fundação do mundo para ser um vaso de honra.
E embora temores a mente assole, e mesmo quando tambores anunciam a morte, nenhum pecado mudará minha sorte, pois não é maior que o Cordeiro, nem a Graça, a Promessa, a disciplina, o perdão ou o amor.
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