O que é uma doutrina?
Ora, do ponto de vista clássico uma doutrina é a sistematização de um ensino ou pensamento que se torne oficial como conteúdo de um grupo ou pessoa; e, portanto, seja carregada de valor dogmático.
Teologicamente uma doutrina é o corpo de pensamento e crença de uma pessoa ou grupo humano.
Para os cristãos uma doutrina é um corpo de ensino fundado em Jesus e nos Seus ensinos [dos apóstolos também], e, além disso, é a própria representação da verdade de Jesus feita corpo de letras, bem como a sua sistematização lógica.
Quando Jesus ensinava, dizem os evangelhos, muitas vezes se perguntava acerca do Ele dizia: “Que doutrina é esta?”
Ora, quando os judeus assim perguntavam sobre o ensino de Jesus, o que eles tinham em mente era o ensino de um rabino, mestre ou guru. Nesse sentido eles perguntavam: Que novo pensamento é este? E que sistematização da verdade é esta, que nós não conhecemos?
Ora, assim perguntavam embora Jesus não oferecesse nada que fosse clássico, ou teológico ou organizado como um corpo convencional de ensino.
Desse modo, do ponto de vista “clássico” ou “teológico-filosófico”, o que Jesus ensina não é uma doutrina, mas sim um ensino não sistematizado.
Jesus nunca sistematizou nada e jamais o faria, a menos que desejasse “matar Deus”. Quem sistematizou o ensino de Jesus, corrompendo-o, foram os religiosos do Cristianismo Constantiniano.
Um ensino não sistematizado, por definição ocidental não acidental, não faz uma doutrina. Dos gregos para cá que no Ocidente uma doutrina é um corpo de pensamento que se fecha em lógicas de suposta satisfação intelectual não acidental. Ora, por tais critérios Jesus não tem uma doutrina.
Afinal, quem, ao seguir a Jesus, encontrará lógicas que sejam entendidas de modo linear?
Não! Em Jesus as lógicas lineares morrem cedo no processo de ser, pois, o que se requer sempre na vida é a coragem em fé que transcenda as lógicas do morrer.
Que lógica há na ressurreição de Jesus se ela não se repete para ser verificável e estudável?
E mais:
Quem consegue fazer o ensino de Jesus “fechar-se em lógicas” que sejam manuais sobre uma vida previsível?
A única lógica no ensino de Jesus é crer para além de toda lógica, pois, é de Deus, do Deus não-lógico, que se está falando.
Quando Jesus disse que quem desejasse saber se Sua “doutrina” era verdadeira ou não, esse deveria “provar para saber” — Ele falava não de um corpo sistematizado de ensinos, mas sim de uma decisão de render-se em fé, na pratica da vida, à experiência com a Vida segundo Deus. Pois, assim, disse Ele, se saberá se o que Ele ensina é verdade ou não; visto que segundo o Seu ensino, somente se sabe se a verdade é Verdade se a experimentarmos pela fé antes mesmo de sabermos os resultados.
Ora, o Evangelho de Jesus é o próprio Jesus; e, assim, pode-se dizer que a doutrina de Jesus somente pode ser compreendida a partir de uma relação pessoal de fé com Jesus, pois, do contrario, não se fica sabendo ou conhecendo nada do que Jesus diz que existe para ser provado como Vida.
Por isto é que a doutrina de Jesus somente pode ser conhecida de duas maneiras: para quem prova, provando; e, para quem vê, somente vendo os fatos resultantes, se comprovam ou não as declarações.
Esta é a razão porque não existe valor algum em discursar sobre Jesus como poder de constrangimento pelas lógicas de palavras e de sabedoria humana.
Jesus fazia e falava. Quem cria se tornava discípulo; e quem não cria se tornava mais cego ainda. Ele, porém, não tentava vencer nada pelo esmagamento da lógica, posto que Ele soubesse que as lógicas humanas somente funcionam acerca daquilo que não seja Deus, pois, Deus não está dentro de tais processos aprisionantes do pensar.
Entendeu? Ou você apenas entenderá se compreender tudo?
Eu não compreendo quase nada, mas a cada dia entendo mais.
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