"Cristo é o Mestre, as Escrituras são apenas o servo. A verdadeira prova a submeter todos os Livros é ver se eles operam a vontade de Cristo ou não. Nenhum Livro que não prega Cristo pode ser apostólico, muito embora sejam Pedro ou Paulo seu autor. E nenhum Livro que prega a Cristo pode deixar de ser apostólico, sejam seus autores Judas, Ananias, Pilatos ou Herodes" — Martinho Lutero
É mais simples que pensar. Basta olhar para Jesus. Veja como Ele tratou a vida, as pessoas, a religião, os políticos, os pobres, os ricos, os doentes, os parias, os segregados, os esquecidos, os seres proibidos, os publicanos, as meretrizes, os santarrões, e o que mais você quiser...
Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e Nele estão TODOS os tesouros da sabedoria e do conhecimento.
O resto, meu irmão, é invenção de quem não quer lidar com Deus, consigo mesmo e com gente e prefere lidar com letras.
A Deus/Verdade não existe como Explicação, mas tão somente como Encarnação.
A Verdade Absoluta só pode ser vivida, não pensada.
Todo pensamento acerca dela decorre da experiência; ou seja: do processo de encarnação.
Assim, para enxergar a Verdade tem-se que vê-la na Única Vida na qual ela habitou cheia de Graça, e também tem-se que vivê-la.
E o Verbo se fez carne...
Por isto é que posso discernir a Verdade em Jesus, mas ainda assim só posso discernir se eu mesmo a experimentar na vida.
A Verdade que vejo em Jesus, Encarnada Nele — eu mesmo tenho que conhecer na minha própria vida/encarnação, que é o único estado de existência que eu tive até hoje.
Quando vejo Jesus, vejo a Verdade.
Quando vivo sabendo que Ele é a Verdade, mesmo que minha existência não encarne toda a Verdade que vejo em Nele, até nos meus movimentos contra ela, eu a conheço; visto que não tenho mais como não conhecê-la, mesmo que a negasse.
Foi assim com Pedro. Ele conheceu a Verdade em Jesus, e teve que experimentá-la em si mesmo. E, provavelmente, o dia no qual ele negou Jesus, tenha sido um dia, para ele, de muito mais verdade que a noite da Transfiguração.
Assim, Jesus é a chave hermenêutica para se discernir a Palavra, mas mesmo assim, eu só a conhecerei como Verdade, se eu mesmo a provar na minha carne; e isto é o que acontece quando a gente anda no Caminho; e assim é também mesmo quando a gente tropeça.
Desse modo, a Encarnação é a chave hermenêutica, mas essa chave tem que abrir antes o meu coração. E isto só acontece no encontro entre a Verdade e a Vida. Ora, tal encontro só se dá no Caminho e no caminhar...
"Desse modo, a Encarnação é a chave hermenêutica, mas essa chave tem que abrir antes o meu coração. E isto só acontece no encontro entre a Verdade e a Vida. Ora, tal encontro só se dá no Caminho e no caminhar..."
ResponderExcluirAmém. Aleluia! (Supondo que eu esteja, com meu fraco grau de espiritualidade, conseguindo alcançar as mensagens implícitas nas profundas palavras - aqui magnânima e liberalmente compartilhadas - acima).
Apenas observei (naturalmente, em função da pouca "acuidade visual") ser (talvez) oportuno o registro da diferença abissal entre "livro apostólico" e "livro canônico", considerando, por exemplo, a espístola aos laodicenses Cl 4.16)- obviamente apostólica, mas - de modo algum - canônica.
Também, talvez, que a conotação atribuída aqui ao vocábulo "encarnação" seja aquela disposta em Jo 1: mas apenas no versículo 13 (corroborado e.g. por Jo 14.23b, Gl 4.19b, etc) e jamais o significado indicado no versículo 14 (e explicitado em, por exemplo, Rm 8.3c), prevenindo "eisegeses" em Sl 82.6a e Jo 10.35.
E, de fato, o Senhor Jesus é muitíssimo superior e inefavelmente mais sublime do que os filhos de Deus - mesmo com a graça salvífica operante em suas vidas pessoais (Ef 1.19, Rm 8.11, ICo 13.12) - conseguimos entender. (Que toda glória, honra, louvor e ações de graça sejam dadas ao Nome que está sobre todo o nome, por todo o sempre!)
Afinal: "Que é (Ct 5.9a) o teu Amado mais que outro amado?" (Fp 2.10-11).
EM TEMPO: a "chave hermenêutica" é também a mesma (e única) "chave exegética" para o Livro.