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O PODER TRANSFORMADOR DA PALAVRA DE DEUS

Mais um abençoado artigo do Dr. Humberto Junior:

(Mateus 19:16) - E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
(Mateus 19:17) - E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.
(Mateus 19:18) - Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;
(Mateus 19:19) - Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
(Mateus 19:20) - Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?
(Mateus 19:21) - Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.
(Mateus 19:22) - E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.

Esta passagem nos faz refletir sobre os valores e prioridades na nossa vida. Ainda hoje, com mais de dois milênios de difusão e conhecimento de Jesus Cristo e seu evangelho, vemo-nos repetindo a atitude do jovem rico. Por mais que digamos que faríamos diferente no lugar dele, colocamos nossos bens em primeiro lugar na nossa vida, preocupamo-nos em conseguir mais materialmente, deixando pouco espaço para as demais coisas, inclusive Deus. Tomemos muito cuidado com isso (Lc 12:15).

Não é que devamos deixar de nos preocupar em trabalhar e ganhar dinheiro, pois isso é necessário para nossa sobrevivência e legitimado por Deus (Ec 2:24; 3:13 e 5:19), mas devemos aprender a priorizar Deus em nossas vidas, pois tudo vem dele, por meio da sua vontade e consentimento (Mt 6:33). Ele é e deve ser o primeiro e último em tudo, ou seja, ele deve preencher e estar sempre presente em todos os espaços e etapas de quaisquer planos ou atitudes das nossas vidas (Ap 22:13).

Voltando ao texto, está claro que Jesus sabia qual era o maior defeito do jovem rico, pois o mesmo vinha cumprindo rigorosamente os mandamentos; mas cumpri-los mecanicamente, por tradição ou obrigação, sem priorizar Deus, sem conhecer suas verdadeiras vontades e sem amor, não é bom nem suficiente (I Co 13:1-3). Assim, conhecendo Jesus as prioridades materiais do jovem rico, manda-lhe vender tudo o que tinha, dar aos pobres e então segui-lo. Somente assim o jovem se desfaria de seu grande defeito, o amor ao dinheiro (I Tm 6:10), e teria a disposição e perseverança de seguir Jesus (Mt 6:24 e I Jo 2:15).

Mas a bíblia diz que o jovem retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades, muito dinheiro, era rico. Vender e dar tudo o que tinha era algo até então impensável para ele, nunca tinha ouvido algo semelhante. Era jovem e já rico, com muitos planos de conquistas e de mais ganho, com muito tempo ainda pela frente! Fossem tais riquezas herdadas ou frutos de trabalho, eram suas e ele as tinha licitamente. Por que perdê-las ou dá-las? Por que abrir mão de sua vida tão boa com riquezas por uma vida duvidosa sem dinheiro? Por que simplesmente não dar uma parte e ficar com o restante? Mas Jesus o conhecia e sabia o que havia recomendado. Um pouco não seria suficiente para a transformação. Teria que ser tudo!

O jovem poderia simplesmente desprezar o que Jesus lhe recomendou, como muitos fariseus e outros milhares de sua época, mas era Jesus quem estava lhe recomendando. Percebemos um respeito às palavras e à pessoa de Jesus por parte do jovem rico, caso contrário ele simplesmente daria as costas à Jesus e às suas palavras e procuraria ou acataria outras doutrinas da época que não lhe custassem tanto.

Mas sua tristeza demonstra a dificuldade do desprendimento das pessoas ao que elas, erroneamente, consideram suficientes, prioritárias ou imprescindíveis em suas vidas. O jovem não ficou triste com as palavras de Jesus, as quais ele ouviu com respeito, pois sabia que quem falava era sábio e conhecedor; ele ficou triste por achar que ouviria algo de Jesus que não fosse tão difícil; ficou triste por achar que seria algo impossível ou extremamente difícil de conseguir realizar, abrindo mão de tudo o que ele havia conseguido até àquela hora, pois não sabia ainda que o que ele conseguiria acatando o que Jesus recomendou seria muito maior que qualquer riqueza na terra (Mt 6:19-21).

A respeito do jovem rico, as informações terminam em Mt 19:22, mas a eficácia da mensagem de Jesus e da palavra de Deus para aqueles a quem Deus tem planos é demonstrada com o passar da leitura bíblica.

A bíblia nos diz em (Isaías 55:11) - Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.
(João 14:10) - Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.
(Hebreus 4:12) - Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.


É claro que Jesus, como filho de Deus, já conhecia e vivia a essência dos textos acima mencionados. Já sabia o que iria acontecer ao jovem rico quando lhe deu as recomendações para entrar na vida. Mas o que aconteceu ao jovem rico? Vejamos o que diz a bíblia.

(Marcos 14:50) - Então, deixando-o, todos fugiram.
(Marcos 14:51) - E um certo jovem o seguia, envolto em um lençol sobre o corpo nu. E lançaram-lhe a mão.
(Marcos 14:52) - Mas ele, largando o lençol, fugiu nu.

À primeira vista o texto acima parece meio desconexo do restante do capítulo ao qual ele faz parte; algumas pessoas, inclusive, esquecem ou não percebem o mesmo. Ora, acontece a celebração da páscoa, a santa ceia, a indicação do traidor, Jesus angustiado no Getsêmani, uma multidão vem prendê-lo, Pedro fere um deles à espada, Jesus é levado ao sumo sacerdote e inquirido, Pedro nega-o três vezes, dentre tantos outros fatos importantes, e Marcos vem nos falar de um jovem que andava seguindo Jesus envolto somente em um lençol? O que isso quer dizer? Seria isto realmente importante para que Marcos colocasse em sua narrativa?

Existem alguns pontos interessantes a saber:

- Marcos, autor do único livro que consta a passagem acima citada, era João Marcos, discípulo de Pedro e que também acompanhou Paulo por algum tempo.

- Em Mateus 26:58 vemos que, apesar dos apóstolos de Jesus terem se dispersado no momento da sua prisão, Pedro o seguia de longe.

- algumas tradições acreditam que o jovem nu era o próprio Marcos, já que o mesmo era jovem e só no seu livro existe tal narrativa, mas isso é muito pouco para servir de base. Marcos pode ter presenciado ou ouvido tal narrativa de alguém, e esta última é a hipótese mais provável, pois o mesmo era discípulo de Pedro, o apóstolo que permaneceu mais tempo no momento da prisão de Jesus, ferindo o servo do sumo sacerdote à espada e seguindo Jesus de longe, possibilitando-o ver e presenciar mais coisas que os outros e assim, compartilhá-la com seu discípulo Marcos.

A questão é que ou Marcos achou importante que tal narrativa constasse nos seus escritos (por ouvir Pedro ou outra pessoa presente no momento da prisão de Jesus comentar sobre tal jovem) ou o próprio Pedro ou outra pessoa comentou a importância do fato, para que constasse na narrativa de marcos.

Algumas traduções bíblicas (principalmente católicas) contam que o lençol que envolvia o jovem era de linho. Isso quebra a hipótese de que tal jovem seria um simples pobre, que não tinha nem o que vestir, já que muitos e de toda classe social seguiam Jesus. Mas podemos imaginar que até um pobre estaria usando roupas velhas ou até mesmo resto de roupas para estar na rua. E mais: se tivesse que estar de lençol (o que é pouco provável) estaria com lençol de linho? O caro tecido dos mais abastados e dos romanos de relativo poder aquisitivo? Isto é difícil.

Eis a revelação do Espírito: o jovem envolto somente com o lençol era o jovem rico que havia indagado Jesus!

A palavra de Jesus, que de início entristeceu o jovem, foi a semente plantada no seu coração, que, com o passar do tempo, incomodou-o a tal ponto que ele obedeceu; ele conseguiu ver a verdade das palavras de Jesus e agir como Jesus havia lhe recomendado (João 8:32), se libertando do que o aprisionava e o afastava de Deus.

Prestemos atenção: Jesus havia recomendado ao jovem vender tudo que tinha, dar a soma destas vendas aos pobres e segui-lo. O jovem no jardim não possuía nada, nem roupas, a não ser um lençol que o envolvia (o que é explicável, pois, para não ser preso ou escandalizar, deveria se cobrir com algo), e seguia Jesus. Era o mesmo jovem, que havia passado pelo poder transformador da Palavra de Deus e da obediência à Jesus.

Esta passagem nos serve muito, pois às vezes, nos sentimos desestimulados a pregar ou falar de Jesus por achar que os resultados não estão vindo ou que eles simplesmente não acontecerão. Podemos pensar também que determinada pessoa tem ou cria tantos problemas que nem vale a pena iniciar ou continuar a falar de Jesus para ela (II Tm 2:25). Ou ainda: podemos nos sentir incapazes de vencer nossas dificuldades, vícios e falhas e achar que não vale mais a pena seguir Jesus, que não adianta continuar se esforçando ou que não somos dignos da atenção de Deus, que é perda de tempo.

A revelação acerca do jovem nos mostra que a Palavra de Deus tem poder imensurável, além da capacidade humana de percebê-la. Uma vez lançada, ela será como uma semente lançada num terreno. Sendo ou tornando este terreno fértil, ela brotará, crescerá, avivará e frutificará.

Não podemos nos deixar levar pela primeira impressão ao falarmos de Jesus. O início do trabalho às vezes é imperceptível, pequeno, mas pouco a pouco a obra cresce, até tomar grandes proporções, chegando ao final com grandiosidade.

Preguemos a Palavra de Deus e trabalhemos incessantemente, pois nós levamos a Palavra, mas quem faz a transformação é o Espírito santo de Deus. AMÉM!

II Corintios 7:10 - Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.

(Hebreus 12:11) - E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.

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