Os pecados capitais surgiram na tradição da igreja cristã, no afinco de controlar e educar o povo no que podia ou não fazer. Como o perdão dos pecados precisava passar por um ungido da igreja, através de uma confissão, a igreja selecionou e classificou os pecados em dois tipos: os pecados que são perdoáveis sem a necessidade do sacramento da confissão, e os pecados capitais, merecedores de condenação ao inferno.
Mais tarde, os pecados foram classificados em Sete Pecados Capitais que precisavam ter uma atenção especial. A vaidade, inveja, ira, preguiça, avareza, gula e luxuria foram as sete classificadas por Tomás de Aquino.
E o que aconteceu hoje com os Sete Pecados Capitais para nós evangélicos?
Os mais eufóricos falariam que não temos os pecados capitais, pois, por um lado todos os pecados são condenados pela bíblia de igual modo e levam à condenação eterna, mas por outro, não temos mais intermediadores na confissão dos pecados, que pelo sangue do cordeiro de Deus, Jesus Cristo, todos que se confessam são perdoados.
Eu, particularmente, concordo com esta afirmação, mas acredito que isso só ficou nas confissões de fé. As nossas igrejas protestantes têm os seus pecados capitais claramente expostos nos históricos de pessoas disciplinadas de suas igrejas.
Se analisarmos a freqüência com que alguns pecados são repetidos nos púlpitos, vemos claramente uma seleção e um catálogo na ordem de importância. E que alguns pecados precisam sim de mediador, de alguém da igreja, para serem perdoados.
O sexo lidera a lista de pecados capitais evangélicos, talvez porque vivemos em um país que já perdeu há tempos todos os parâmetros do que é certo ou errado nesta área.Mas não tem como, o líder evangélico brasileiro pode cometer qualquer pecado, como vaidade, inveja, ira, preguiça, avareza e gula que não será disciplinado ou cobrado por um pedido de desculpa em público. Mas ai daquele que pecar na área sexual, esse pecado não tem perdão, pelo menos para todos os evangélicos!
O pecado da bebida entrou no ranking sem mesmo estar na bíblia, não quero defender este mercado, por saber que existem famílias destruídas por homens que estão doentes em seus vícios e, até mesmo por eu detestar destilados. Mas quando é que beber qualquer coisa alcoólica virou pecado? E ainda mais um pecado capital? Como um dos maiores símbolos que Jesus nos deixou envolve uma bebida alcoólica? Ou alguém aqui acredita no conto da carochinha que o vinho não era fermentado?
Não quero amenizar este ou aquele pecado, muito pelo contrário, todos os pecados deveriam ser encarados como pecados capitais. Mas isso não acontece e sinceramente nem sei se da para acontecer.
O problema deste ranking que difere a importância dos pecados e que, a cada dia cresce mais com outros, que nem existem, é um problema soteriológico, um problema de entender o papel da graça na salvação.
Se começarmos a mostrar que a cada dia merecemos mais ir para o inferno com os nossos pecados, o caos é instalado, pois criaremos crentes depressivos, com auto comiseração, doidos e até psicopatas.
Mas se juntarmos esta consciência desesperadora que todos os pecados são capitais, com a graça de Deus em Jesus Cristo que nos perdoa mesmo que a cada dia provamos que merecemos o inferno. Ao invés de insanidade e loucura encontraremos o amor e a devoção que dará poder para a transformação.
Se continuarmos com os nossos pecados capitais particulares gospels e amenizarmos os outros,cairemos em uma religiosidade hipócrita onde uns são melhores que outros, e um evangelho vivido por fachada e, principalmente, cairemos na idéia de que só existe um pecado capital Evangélico: O pecado de ser pego, pois o resto ta valendo.
Nenhum pecado é menor que o outro!
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