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QUE EVANGELHO É ESSE?

O pastor Josué Gomes, presidente das Igrejas Evangélicas Ministério Plenitude, publicou recentemente em seu blog um texto no qual questiona as doutrinas pregadas atualmente na igreja evangélica:

Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.” Gálatas 1:8,9

Não posso fechar os olhos para o passado, para o trabalho que os homens de Deus fizeram para que pudéssemos chegar até aqui.

Esses verdadeiros heróis da fé são comumente citados pelos líderes da atualidade, mais por suas limitações, zelo exagerado, doutrinas absurdas, estupidez, oriundas de uma pureza ignorante, devido a falta de suporte que hoje é abundante, esquecemos do árduo e difícil trabalho que realizaram. Apesar da falta de condições de transporte, da ausência de provisão financeira, da limitação do conhecimento e do tempo, tinham que trabalhar na vida secular o dia inteiro para sustentarem suas famílias, pois as igrejas, em sua maioria, não tinham condições de manterem um pastor de tempo integral. E, infelizmente não era raro a família do pastor passar por muitas privações.

Além de tudo isso, enfrentaram uma sociedade predominantemente católica que discriminava, debochava, perseguia e ridicularizava os evangélicos, chamados de “protestantes”, “bíblias”, “crentes”, no sentido ofensivo.

Contudo, e apesar de tudo, esses homens eram movidos pelo amor à obra de Deus. Eles não enxergavam nenhuma recompensa financeira, apenas a missão de ganharem almas para Jesus Cristo. Havia uma paixão intensa e um compromisso fantástico com a integridade da Palavra de Deus. Nem pensavam em acrescentar ou subtrair algo dessa Palavra, porque havia um enorme temor a Deus.

Eram homens perfeitos? Não, é lógico. Mas raríssimos eram os problemas de caráter.

A igreja era reconhecida por condutas absolutamente diferentes dos mundanos, com certo exagero, sem dúvidas, mas, considero que o excesso de zelo é menos danoso que a libertinagem religiosa e o abuso da graça, hoje ostentada no meio evangélico de maneira tão deprimente.

Lutamos pela liberdade religiosa e pela liberdade em Cristo Jesus, pelo crescimento da igreja contextualizando a Palavra, mas com o cuidado de não torná-la vulgar.

Contudo, o objetivo de ganhar almas para Jesus e introduzir o Evangelho na sociedade, tornou as igrejas acessíveis a todos e forçou uma mudança, não apenas na postura dos pregadores, mas na essência da Palavra. Deixamos de pregar sobre pecado, arrependimento, santificação – que assusta os ouvintes – para exibirmos temas de conquistas, vitórias, bençãos, prosperidade, desindexadas do suporte doutrinário e do objetivo maior que é a salvação de almas, uma mudança radical na maneira de viver.

O evangelho deixou de ser para quem deseja estar em Cristo. Nascer de novo e tornar-se uma nova criatura tornou-se secundário, então, erguemos um hospital do corpo e da alma para fazer o indivíduo se sentir bem, como dizem alguns “pulpitanos: sintam-se a vontade na casa de Deus”, sem se darem conta que nascer de novo, é deixar morrer a velha criatura, isso implica em renúncias, que sempre são dolorosas.

Tratamos tão bem o indivíduo, que o seu corpo e alma ficam aliviados, elas gostam das músicas gospel, das mensagens criativas, engraçadas e até as extremamente místicas, um misto de candomblé com mesa branca, mas o espírito, que é eterno, permanece irremediavelmente na condenação.

Inventamos uma classe de crentes macumbeiros.

A igreja não é lugar para as pessoas se sentirem bem, ela é a “porta dos céus”, onde mostramos através da Palavra o caminho para se chegar lá, que é Jesus Cristo. Igreja é lugar de renúncia, arrependimento, morte, para haver renascimento de uma nova criatura.

A igreja é o único lugar onde se ensina que para viver é necessário morrer.

A maioria dos líderes tem como propósito encher a igreja, para tanto usam a metodologia “CQC” – custe o que custar. Afinal, povoar o céu não dá lucro. A palavra de ordem é agradar ao povo, satisfazer as suas vontades e necessidades, mesmo que isso venha a desagradar a Deus, mas quem está preocupado com a opinião de Deus?

A mensagem que o povo quer ouvir é de vitórias, conquistas e sucessos. Experimente pregar sobre pecado e condenação… Ouse dizer que o inferno não é um mito! Experimente fazer uma campanha, conferência ou seminário sobre intimidade com Deus, santificação, compromisso com Deus e você vai ficar falando sozinho. Será um fracasso de público porque eles não querem saber disso. Eles querem a benção!

É por isso que à frente de igrejas estão os homens como “Arão”, que se submetem a vontade do povo lhes dando “bezerros de ouro”, eles adoram “bezerros”, e eles admiram os “Arãos”, principalmente quando estes substituem os temidos disciplinadores, os “Moisés” levantados por Deus que não negociam valores.

A mensagem que predomina nos ambientes cristãos e que se popularizou ganhando a simpatia do povo, alivia o sofrimento do corpo e da alma, mas, é perversa porque abandona o espírito dos homens a condenação eterna.

Não nos preocupamos com o efeito da Palavra pregada, estamos preocupados com a repercussão.

Queremos e fabricamos mensagens que fazem sucesso. Ela precisa mexer com as emoções dos indivíduos. Não queremos mensagens que incomodam, escolhemos a dedo aquelas que farão o mais terrível dos canalhas nos admirar.

“Vos é necessário nascer de novo”. Essa mensagem não faz sucesso. Pregador: Jesus Cristo. Essa Palavra não enche os auditórios, só o céu. Se Ele fosse pregar em um congresso teria que perguntar para os poucos ouvintes que restariam nas cadeiras: “Vocês também não vão embora?”. Ainda bem que existem pessoas que amam e pregam a Palavra de vida eterna. Não estão preocupados em serem ídolos do povo, querem ser apenas profetas do Altíssimo.

Há um grande perigo à vista, grande parte da nova geração de pastores e pregadores não prega sobre pecado, arrependimento, novo nascimento e santificação. Quando muito, pregam sobre “compromisso com Deus”, o que estão dizendo é que as pessoas precisam se filiar à igreja e entregarem os seus dízimos e ofertas. Se pregarem sobre os temas que deveriam pregar, lotariam a igreja vizinha, aquela do concorrente.

Jesus começou a pregar assim: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me”. Meu Deus, que coragem indescritível! Se você pregar isso em algumas igrejas ou conferência, vão lhe tomar o microfone.

Como você vai dizer pros caras abandonarem a amante? Como será possível condenar o adultério se muita gente sabe que o pastor é um adúltero? Vai pregar sobre caráter e integridade numa igreja que o líder é um canalha? Como denunciar o pecado semelhante à feitiçaria – que é a rebelião – se o líder cara de “anjo” é um ladrão de ovelhas? Como expulsar do templo os trambiqueiros ordinários, se eles são protegidos pelos altos dízimos? Seria possível ensinar sobre aliança, restauração, comunhão, respeito, amor e perdão para um povo que é conduzido por um mercenário? Como falar sobre chamado e ministério se o palanque é o lugar onde o circo do engano funciona sob a batuta de um desempregado que arranjou um modo de se dar bem na vida?

CUIDADO: Se você pregar abertamente contra o pecado, poderá perder os maiores amigos e os grandes dizimistas.

Não são poucas as vezes que pregamos para levantar quem Deus decidiu abater. Queremos negociar com Deus o destino das ovelhas como se elas fossem de nossa propriedade. Foi assim que Moisés se deu mal. Assim será o destino de muitos líderes.

Não há mais vagas para pregadores que confrontam e pregam a verdade. Eles não fazem sucesso, não cobrem o custo dos ingressos. As vagas estão preenchidas por homens comprometidos com os “orgasmos da alma”. A essência da mensagem foi burlada, o refrigério da Palavra foi substituído pelo refrescar da consciência do pecador.

Resta alguém com coragem, autoridade divina e compromisso com Deus para confrontar o pecado dos “Reis” dos púlpitos e dos “Senhores” das igrejas? Ainda existem profetas do Altíssimo capazes de enfrentar os “profetas” despidos da unção e da graça de Deus?

O resultado do abuso da graça é cair em desgraça. Isso é uma questão de tempo.

Meu Deus! Há homens estabelecidos nos púlpitos das igrejas que estão possuídos por aquele que se transfigura em “anjo de luz”. O enganado não pode pregar nada além do engano. Como pode um povo de uma congregação ser luz e sal se a autoridade espiritual que predomina na mente do líder é um deus disfarçado?

“O salário do pecado é a morte”. Sansão morreu muito antes de ser sepultado pelos escombros do templo.

Do trono da graça de Deus escorrem as águas purificadoras, mas é do púlpito que elas jorram para o povo. As águas limpas e vivas de Deus não podem fluir dentro de um condutor imundo. Se aquele que ministra está morto, o povo que bebe dessa água infectada com “vermes e bactérias” espirituais também morrerá.

Qualquer um cuja preocupação é fazer sucesso como pregador, vai fracassar como profeta de Deus. A Palavra de Deus nunca visou projetar aquele que prega, mas sim o autor da mensagem. Esse autor tem o poder de levar o nome de quem prega às mais longínquas distâncias. Ele faz isso enquanto o coração se mantiver puro e submisso.

Jesus se fez homem para alcançar os homens, mas não pecou. A igreja para alcançar os pecadores arquivou a pregação do arrependimento.

Para manter a igreja repleta, se faz necessário inventar muitas campanhas, baboseiras, movimentos, crendices, um estúpido apelo ao marketing despudorado porque a Palavra da Verdade não atrai, ao contrário; assusta. Essa é a mentira que o diabo fantasiou como verdade. Entenda bem, não estou condenando as estratégias adotadas, eu também as uso, porém elas nunca podem ser maiores que o nosso compromisso com a integridade e primazia da Palavra.

Agora, segura essa: os pastores estão vazios da Palavra e não conseguem alimentar o rebanho porque não tem uma boa comida pra dar. As ovelhas passam fome, comem “capim seco”. Um grande número são os “chefes da religião”, não foram chamados, vocacionados e nem ungidos pelo Espírito Santo de Deus. Por isso, apelam para os “pregadores de avivamento” e para os miraculosos “movimentos de unção”, que promovem barulhos, misticismos e crendices. Eles usam chavões, frases de efeitos classicamente elaboradas, e possuem uma performance invejável, mas que não muda a vida de ninguém.

Destaco com bastante ênfase: há muitos pregadores itinerantes, verdadeiros evangelistas, homens comprometidos com uma família, uma igreja e com Deus, que dão suporte ministerial indispensável a qualquer igreja. Os admiro! Sou amigo e incentivador desses brilhantes servos de Deus. Não estou falando deles, mas dos “empresários da fé”, daqueles que negociam os “pacotes” das campanhas financeiras que fingem abençoar o povo, mas, na verdade, é pra levantar dinheiro.

Deus é justo, além de misericordioso, mas tenho aprendido que não basta querer misericórdia, ela precisa ser apelada. A fatura de cobrança já foi expedida, aquele que deve será cobrado: “Mas ele vos dirá: Não sei donde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais iniqüidades” – Lucas 13:27.                                         

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