Não poderia deixar de comentar o que ouvi de um colega. Ele me contou que estava em uma grande reunião de obreiros ouvindo uma boa pregação quando o pastor-presidente daquela igreja chegou (bem atrasado, inclusive) e, vejam só, a pregação foi interrompida e os obreiros ficaram em pé para recepcionar o “chefe”.
A palavra “absurdo” é pequena demais para expressar tamanha imoralidade. A aristocracia casada com a bajulação é o pior dos mundos. Esses homens nunca leram o Evangelho? Ora, se leram não entenderam. Se entenderam não praticaram. Se não praticaram estão em falta com o próprio Evangelho. Tal comportamento tem ligação com as palavras de Jesus? Vejamos:
Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". [Mateus 20.25-28]
É certo que isso é um mal cultural. No Brasil quem tem carro importado não liga muito para sinalizar a sua virada à direita ou esquerda. O "dono do mundo" por ter um “carrão” se acha o "dono da rua". E o sujeito que coloca o pé no banco do trem como se fosse o sofá de sua casa? E aquele que ouve música sem fone de ouvido em um ônibus? E a autoridade que diante de uma blitz diz: - Você sabe com quem está falando? É certo que uma igreja que interrompe uma pregação para receber um pastor em pé está presa nesse mundanismo.
Mas esse é apenas um exemplo extremo. No meio pentecostal há inúmeros pequenos casos de aristocracia. Alguns dizem que é questão de respeito, mas não é. É exagero puro. É espírito aristocrático. Vejamos:
- Pedir que a igreja receba em pé um pastor convidado para pregar.
- Separar um prato/bebida melhor para o pastor em uma festa da igreja.
- Colocar cadeiras “mais bonitas” para as “autoridades” da igreja sentarem.
- Carregar rotineiramente malas e pastas do “chefe” como os seguranças fazem com um presidente da República.
- Distribuir presentes caros para a liderança em uma realidade cheia de membros pobres (Ex: Já ouvi que igrejas pobres da periferia que pagaram um viagem a Israel para o pastor e sua esposa).
- Tratar pastores-presidentes como se fossem “chefes”.
- Achar que assédio moral é normal e aceitável.
- Comemorar todos os anos o aniversário do pastor como “programação oficial” da igreja.
Os pastores merecem todo respeito e honra. Mas é fácil saber quando o respeito passa a ser bajulação e alimentação de uma aristocracia distante do exemplo e do Evangelho de Cristo.
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