“Meu trabalho é garantir que existam opções para que as pessoas decidam por si próprias. Agora, se tiver de escolher entre criar uma comida gostosa ou saudável, o sabor será sempre a prioridade”
Não, a frase não é de um pastor da famigerada teologia da prosperidade, mas, coincidentemente, soa como se fosse. A declaração é do americano Daniel Coudreaut, homem de frente da cozinha do McDonald’s e responsável por criar as receitas que deliciam multidões de clientes da maior rede de fast food do mundo. Na entrevista, Coudreout é perguntado sobre os métodos que ele utiliza para driblar as críticas dos defensores da alimentação saudável e, assim, continuar atraindo mais e mais famintos das delícias do McDonald’s.
Pensei cá com meus botões: McDonald’s e teologia da prosperidade tem tudo a ver. A diferença básica é que os criadores do fast food gospel não têm a sinceridade do “mago” da rede de lanchonetes. Entre oferecer uma comida gostosa ou saudável, os vendilhões “prósperos”, sem dúvida, escolhem a primeira opção – sempre com algum “respaldo bíblico” na manga, para justificar o engodo. Afinal, a satisfação do cliente é norma da casa, tudo “em nome” do Senhor, claro.
E do outro lado do balcão, uma nova categoria de crente se acotovela por mais uma apetitosa novidade. Depois do “crente Raimundo” [um pé da igreja outro no mundo], do “crente seis horas” [cês ora por mim] e de outros por aí, proponho o credenciamento no clube dos crentes cara-pau da categoria “crente McDonald’s”. São aqueles que vão à igreja em busca de comida gostosa e rápida [mas que, às vezes, pode sair cara].
No rol das igrejas em franco crescimento, eis que emerge das profundezas a “Igreja McDonald’s do Milagre da Prosperidade” - IMMP. Evangelho a gosto do cliente. Ideal para jovens sem compromisso e ávidos por uma bela oferta do dia. Para as crianças, a opção de adquirir um bonequinho da moda dentro do pacote do McLanche Feliz.
Tal e qual a estratégica do gourmet do McDonald’s, o segredo da IMMP é a busca constante por inovações. Dessa forma, anula-se o risco de perder clientes - quer dizer, membros –, e segue-se a cativar novos adeptos, fadados ao engano e ao perigo de morte por colesterol alto. Afinal, a prioridade não é o alimento saudável, mas a comida apetitosa, com direito a batata-frita grande e uma coca-cola bem gelada.
Vai um “Big Mac santo” aí?
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