Deus é um Ser de infinita graça e grandeza. Revela-se de modo suficiente nas Escrituras, mas sua essência é indizível. Transcendente, ele está além de toda descrição; sem, no entanto, perder sua imanência. Ele é "Totalmente Outro" ao mesmo tempo em que é "um como eu" pela revelação da kenósis; mistério assombroso da fé, que enche os corações de esperança e consolo.
Os reformados, ao apregoar suas doutrinas, falavam sobre uma Graça Irresistível, com a qual Deus nos apaixona e nos atrai a ele. Verdadeiramente, não existe apologia que refute a teologia empírica de um chamado irresistível. O que os teólogos do livre-arbítrio negam em teoria, o professam na prática, pois foram tão irresistivelmente atraídos que já não querem ir para longe de Deus.
No entanto, existe ainda uma manifestação mais sutil da Graça. Tal manifestação não é salvífica ou "soteriológica", mas divina no sentido em que reflete os atributos de Deus de um modo maravilhoso e suave, transborda o peito de alegria e torna a vida humana mais feliz. Tal manifestação graciosa pode ser percebida naquela medida de bondade concedida ao ser caído, capacitando-o a produzir beleza, arte, sons, e toda essa variedade que torna nossa existência mais feliz.
As vezes esta graça me sorri. É quando eu percebo com maior claridade que apesar de toda amargura e tristeza que envolve a vida humana decaída, e que mesmo após a entropia desencadeada pelo primeiro pecado, vale a pena continuar vivendo. O que seria da vida sem a beleza das flores, sem a água fresca da fonte, sem as belas canções, sem a variedade de sabores ao paladar e todas estas coisas que fazem nosso coração bater acelerado, e declaram aos nossos ouvidos as obras de Deus?
Louvo a Deus pela Graça Comum, pela poesia e pela luz, pelo aroma do café pela manhã e por esta linda canção!
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