O filme “Um assalto de fé”, de Cibele Amaral, deve estrear em circuito comercial no dia 2 de dezembro. Trata-se de uma comédia com elementos de ação cuja matéria-prima principal é a ganância. O roteiro do filme é baseado no conto “Trabalho do Galinha Preta”, de Evandro Vieira, que foi premiado por um concurso literário do SESC e faz parte do livro “Grosseria Refinada”.
Desde 2004, Evandro e Cibele começaram a trabalhar no roteiro, que a princípio seria um curta-metragem. Porém, sendo uma produção cara, a diretora optou por transformá-lo em um longa.
A trama central são os pequenos roubos de um trio de amigos, cujo líder chama-se Galinha Preta, um seguidor de religiões afro. Depois de vários golpes frustrados, que levaram os três amigos a inclusive trabalhar como empacotadores num supermercado, Galinha Preta e Lapão aceitam participar do assalto a uma igreja evangélica, organizado por Jerônimo. Este personagem havia se afastado dos outros no passado, se infiltrou na igreja. Agora ele serve como tesoureiro, namora a filha do pastor e planeja o golpe justamente no dia de um grande show gospel.
Eles contratam como motorista o Japonês, um glutão que só pensa em comida e contam com a ajuda de Nildinha, uma stripper evangélica. Por causa de um sonho, ela acredita ter recebido uma mensagem divina de que deveria fazer tudo que o Galinha Preta pedisse, pois só assim mudaria de vida.
Apesar de parecer improvável, a quadrilha se dá bem, até um determinado momento onde tudo começa a fugir do planejado, acabando com o sonho de se mudarem pra Salvador.
A igreja evangélica fictícia é liderada pelo pastor Ozéas, que faz de tudo para pegar dinheiro dos fiéis. O cantor Falcão faz uma participação, vivendo o desonesto pastor Rick de Souza, que ilude seus seguidores para conseguir mais dízimos e ofertas durante o tal show gospel.
Rodado inteiramente na cidade satélite de Brazlândia (DF), o filme já percorreu os Festivais de Cinema de Brasília e do Rio em 2010 e agora parte para sua distribuição nacional.
Este é o primeiro filme de Cibele Amaral, que afirmou “É um gênero muito procurado no Brasil. É o típico filme de que o público gosta”, observa a diretora ressaltando o aspecto humorístico do longa. Ela acrescenta ainda que nos testes de audiência, a história foi bem aceita pelos evangélicos.
A expectativa da diretora quanto ao desempenho da produção nos cinemas é boa. O filme não precisa de um grande público para cobrir o investimento feito. “É a vantagem de um filme de baixo orçamento”, observa Cibele.
Mesmo se propondo a entreter, o filme abusa dos clichês típicos de todo crítico do crescimento dos evangélicos no país. Os pastores são espertalhões e os crentes, tolos manipuláveis. A certa altura, um dos pastores diz que não pode entregar o dinheiro aos bandidos, pois ele serviria para “pagar os pecados dos fiéis”.
Esse não é o primeiro filme a zombar dos evangélicos, mas é preocupante como cada vez mais essa é a imagem que parece prevalecer. Depois de Hollywood mostrar os cristãos por um ângulo negativo, agora parece que chegou a hora do cinema sul-americano. No mês passado foi lançado no Chile o filme Dios me libre [Deus me Livre] que zomba abertamente dos métodos de arrecadação de igrejas como a IURD.
Assista o Trailer:
O pior é que tem gente trabalhando duro pra comprar bençãos e pagar os pecados. Bom seria se isso tudo fosse apenas ficção. Pra nossa felicidade Jesus já pagou o preço e pagou com sua própria vida, o que precisamos fazer é aceitar seu sacrifício.
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