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Cristianismo de Marionetes: Bonecos sem vida nas mãos de líderes corruptos


Estamos vivendo na época dos crentes marionetes. Em um país onde apenas uma parcela ínfima da sociedade adquiriu o gosto pela leitura, era de se esperar que uma religião que demanda fidelidade a um livro – ainda que seja um livro sagrado – encontraria problemas para se desenvolver de forma saudável. É claro que eu conheço as estatísticas recentes que mostram o crescimento vertiginoso dos evangélicos, mas essas pesquisas também nos revelam que a maior parte desse crescimento se dá na ala neopentecostal, em meio a igrejas que exploram ao máximo a fé mística, ubandista, idólatra e xamânica do povo brasileiro – sincretizando essas religiões e condensando-as em uma forma de culto muito diferente do culto racional de Romanos 12, e que por pura teimosia insiste em serem chamadas “igrejas evangélicas”. É claro que essas crenças não passam pelo crivo bíblico, de modo que para sustentá-las não basta apenas distorcionar as palavras da Bíblia: é preciso literalmente abandoná-la para levar à cabo essa religião idólatra, utilitarista e manipuladora.

Devido à multiplicação dos chamados “movimentos contraditórios” (um eufemismo para seitas), a Bíblia tem sido conservada apenas como acessório, um adorno para o púlpito, mas a bem da verdade, uma peça sem serventia. Cada vez menos se recorre a ela para basear opiniões, de forma que até o conhecido bispo-empresário chegou ao ponto de lançar uma campanha televisiva em favor do aborto, causando gande confusão no meio evangélico. Se por um lado o telebispo foi mais longe que todos os demais, por outro lado precisamos reconhecer que ele não está só: ele fez escola. Muitos telepastores e telepregadores tem seguido os seus passos. Essa semana estava lendo acerca de um telepastor (aquele que faz chapinha, sabe?) que formou uma caravana e se dirigiu para Israel, a fim de queimar os pedidos de oração que os “fãs” enviam para o seu programa. Outro pregador, que já foi um verdadeiro militante apologista, e que batia de frente com os modismos, heresias e falácias neopentecostais, mudou de trincheira e agora defende com unhas e dentes a teologia da prosperidade, preferindo a mensagem de “Vitória em Cristo” do que aquela da “Salvação por Cristo”.

Quero deixar claro que jamais afirmei ser o dono absoluto da verdade, antes anuncio que a Bíblia é verdadeira e me oponho veementemente a esse cristianismo analfabeto. Ora, o cristianismo sem Bíblia é como um casamento sem conjuge! É nela que encontramos a ética do reino, as promessas de Deus e suas demandas, as palavras inspiradoras de Cristo nos evangelhos, a doutrina cristã sistematizada por Paulo e a mensagem apologética de Pedro e Judas. Ela é o maior documento que o cristianismo possui. Ignorar a Bíblia é ignorar os atos de Deus na história da salvação, e conseqüentemente a nossa própria história. Mas infelizmente o que vejo hoje é um cristianismo sem Bíblia, sem Cristo, sem dogma e sem mensagem salvadora. Um cristianismo consumista, capitalista, utilitário, espíritista, relativista e pragmático. Os seguidores desse cristianismo caricato são marionetes nas mãos dos lobos devoradores, sendo constantemente manipulados para o benefício dos líderes que enchem os bolsos com o dinheiro dos “fiéis”, comprando aviões de 30 milhões de dólares, construindo mansões em Campos do Jordão, ou investindo em cavalos árabes “puro sangue”. Enquanto isso, os crentes se prestam aos mais absurdos papéis: banhando-se com sabonete de arruda, participando de sessões de descarrego, fazendo despachos, comprando produtos “made in Israel” e movimentando esse marcado milionário que é a industria da iconolatria evangélica.

É assim que cresce a igreja evangélica brasileira: enferma. Ela é uma igreja obesa, com o colesterol alto e diabetes. É uma comunidade doente, mas não é a única culpada da sua saúde precária. Falharam os seus pastores em administrar-lhe uma dieta saudável, e ainda falham ao dar-lhe veneno em lugar de remédio. É verdade que a igreja evangélica está crescendo, porém esse não é um crescimento saudável.

Quando era criança, me apaixonei por marionetes. Lembro-me que no jardim de infância meus olhos brilhavam durante as apresentações do grupos de títeres. Porém, o tempo foi passando e um dia eu descobri que a voz que eu ouvia não era a voz do boneco: havia alguém escondido atrás da cortina movendo os pobres personagens sem vida. Desse dia em diante, perdi totalmente o interesse por marionetes. Os membros dessas novas igrejas são meros títeres, massa de manobra na mão dos perversos, dominadores e exploradores da fé alheia. São os lobos vorazes que manipulam os bonecos inertes a fim de satisfazer suas necessidades e seus sórdidos interesses. Nossos membros são marionetes: a voz que ouço em suas defesas “apologéticas”, definitivamente não é deles. Já ouvi essa voz antes e aprendi a reconhecer o som por detrás do boneco de madeira. Eles não podem me enganar, pois aprendi cedo, aos 5 anos de idade, a discernir a voz que comanda o sistema.

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