Siga este blog também

O Evangelho de hoje: autêntico ou sintético?

O livro Evangelho de hoje: autêntico ou sintético?, de Walter J. Chantry, Ed. Fiel, apenas 74 páginas. Nesse livro, o autor demonstra, com base na passagem de Jesus e o jovem rico, que nossos métodos de evangelização nada têm a ver com os métodos de Jesus.

É um verdadeiro tapa na cara (para acordar!). Recomendo que todos leiam.

Abaixo, só para dar um gostinho, algumas partes do livro.

“Temos herdado um sistema de pregação evangelística que não é bíblico. Esta tradição nem mesmo é antiga. A mensagem e os métodos de pregação evangelística empregados hoje em dia não podem ser traçados de volta aos Reformadores, nem aos credos da igreja da Reforma. [...] Pior ainda, não procedem das Escrituras, e sim de uma exegese superficial e de uma combinação imprudente do raciocínio humano com a revelação de Deus.

O produto resultante é um aglomerado perigoso do mesmo tipo daquele que Satanás utiliza para iludir os pecadores. [...] Vendendo outro evangelho à nossa geração, Satanás tem empregado muitas pessoas sinceras para anunciarem um Cristo destronado. As glórias do Salvador estão sendo ocultadas até mesmo para os seus servos, porque os pregadores não atentam exclusivamente ao evangelho da Palavra de Deus.

Com frequência, este evangelismo resulta em tristes exemplos de vida cristã. São pessoas que fazem uma profissão de fé e continuam a viver como o mundo. [...] Somente uma pequena parcela daqueles que “se decidem” [por Cristo] mostram evidências da graça de Deus, por meio de vidas transformadas. [...]

Tudo isso está relacionado à utilização de uma mensagem evangelística que não é bíblica. A verdade necessária à vida tem sido escondida em um nevoeiro de invenções humanas. Fundamentadas no vazio da lógica humana, milhares de pessoas têm sido levadas a acreditar que possuem direito à vida eterna e têm sido presenteadas com uma segurança que, na verdade, não lhes pertence. Os evangélicos aumentam as fileiras dos desiludidos com um evangelho pervertido. Muitos que “tomaram uma decisão”, em igrejas modernas, e que receberam a proclamação de que seus pecados foram perdoados se surpreenderão, como os clientes de Tetzel, quando ouvirem: ‘Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim’ (Mt 7.23). [...]

Notamos uma anemia na maior parte das pregações modernas, pois aquilo que constitui a vida e o sangue da mensagem, ou seja, a natureza e os atributos de Deus, estão ausentes. Os evangelistas centralizam suas mensagens no homem. O homem pecou e perdeu uma grande bênção. Se ele quiser recuperar esta perda imensa, deve agir segundo passos pré-programados. Mas o evangelho de Cristo é bem diferente. Começa com Deus e sua glória. Proclama aos homens que estes ofenderam o Deus santo, que de maneira nenhuma deixará estes pecados passarem em branco. Relembra os pecadores que a única esperança de salvação se encontra na graça e no poder deste mesmo Deus. O evangelho de Cristo leva os homens a clamar por perdão aos pés do Deus santo.

Existe uma grande diferença entre estes dois tipos de mensagens. Uma tenta estabelecer uma trilha aos céus para o homem, ignorando o Senhor da glória. A outra, trabalha para magnificar o Deus da graça plena na salvação de homens. A primeira daria uma resposta técnica para a pergunta: ‘Que farei para herdar a vida eterna?’, sem um fundamento adequado. A outra diz:

Um momento! O Deus com quem temos de lidar é três vezes santo, o Deus único, inatingível em sua gloriosa santidade! Retornaremos à sua pergunta no tempo próprio. Mas, de imediato, tire os olhos de você mesmo e fixe-o no Deus santo, apresentado nas Escrituras. Assim, você se enxergará como realmente é – uma criatura em rebelião contra um Deus infinitamente puro. Você ainda não está preparado para discutir sobre si mesmo e sobre a eternidade.

Isto não quer dizer que pregar a respeito do caráter de Deus é algo diferente de buscar a salvação de um pecador. Pregar sobre os atributos de Deus é essencial à conversão de homens. Sem um conhecimento de Deus, o pecador não sabe a Quem ele ofendeu, Quem o ameaça de condenação ou Quem é capaz de salvá-lo.[...]

Jesus fez com que o olhar egocêntrico do jovem rico [Mc 10.17-18] se voltasse para Aquele cuja santidade levou Isaías a clamar: ‘Ai de mim! Estou perdido!’ (Is 6.5). Esta é uma parte secundária do evangelho? Se pensa assim, você não entende as coisas básicas da fé. O jovem rico veio correndo, por entender que poderia deixar de herdar a vida eterna; mas não compreendia por que isso poderia acontecer. A quem ele havia ofendido? Ele não manifestava qualquer remorso por ter ofendido o Deus santo. Estava preparado para falar de religião, porém ele era ignorante a respeito de Deus. Estava desejoso de falar com Jesus sobre as alegrias da salvação, mas não podia confessar como o salmista Davi: ‘ Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos’ (Sl 51.4). Ele não conhecia bem o Senhor.

[...] Alguém pode argumentar: ‘Minha denominação diz que estas doutrinas não são essenciais, porque causam divisão. Causaria um terrível conflito em minha igreja, sugerir que a nossa preocupação em apresentar apenas o amor de Deus pode iludir os pecadores. Além disso, a pressão constante para se conseguir resultados não permite que tenhamos tempo para esse tipo de pregação’.

[...] Quando Jesus disse: ‘Vende tudo que tens, dá aos pobres’, Ele estava pregando o décimo mandamento de uma maneira prática. Cristo usou a Palavra de Deus – ‘não cobiçarás’ – para expor a ferida da cobiça na alma daquele homem. Este pecado estava invisível aos olhos dos homens; não se mostrava de maneira evidente no comportamento do jovem rico. Mas, com toda a sua corrupção e malignidade, a cobiça governava aquela alma. Como um dardo, a Lei de Deus penetrou a consciência deste jovem pela primeira vez.

Se Jesus tivesse apenas dito: ‘Não cobiçarás’, nosso jovem educado haveria respondido: ‘Não desejo propriedades ou a riqueza de ninguém; estou satisfeito com a minha posição na vida’. Apenas citar Êxodo 20 novamente não funcionaria. Jesus, então, traduziu o décimo mandamento em um teste prático, exigindo que aquele jovem abandonasse suas riquezas. O jovem amava sua riqueza mais do que a Deus e ao seu Filho; assim, ele se retirou. Mas quando se retirou, ele o fez completamente consciente de que era um pecador cobiçoso. [...]

Em vez de , em nome do amor, comprometer a verdade da santa Lei de Deus, nosso Senhor permitiu que o jovem rico se retirasse. Se Cristo tivesse ignorado o caráter inviolável da Lei perfeita, a fim de ganhar este pecador para Si, Ele teria destruído o verdadeiro amor, pois o verdadeiro amor está vinculado ao cumprimento dos mandamentos. O verdadeiro amor nunca negociará a verdade sobre a qual ele está estabelecido.

É necessário que os pregadores de hoje saibam como proclamar a Lei de Deus; porque, até que saibamos como ferir as consciências, não teremos o que curar com o bálsamo do evangelho. [...]

[nota Estrangeira: infelizmente, em nome de se alcançar as 'metas' de evangelização da igreja, nós passamos por cima da pregação sobre o pecado e a obediência a Deus, pois são assuntos que não costumam agradar à platéia. Em seu lugar, pregamos o quanto Deus é bom, maravilhoso, mordomo e disposto a nos fazer e dar tudo o que queremos. Isso não é e nunca foi pregar o Evangelho de Jesus. É, sim, o evangelho de satanás.]

As igrejas estão cheias de pessoas que professam ser crentes, mas que nunca ouviram que Jesus exige o arrependimento de todo aquele que anseia pela vida eterna. As pessoas se apressam a ‘aceitar Jesus como seu Salvador pessoal’, sem ‘vender tudo’. Nunca foram avisadas pelo pregador de que existe uma condição àqueles que desejam possuir tesouros nos céus, isto é, o arrependimento. Deste modo, os convertidos do evangelismo moderno são, frequentemente, tão mundanos após suas decisões como antes delas, porque fizeram a decisão errada. [...]

Nosso Senhor foi plenamente honesto com o jovem rico. Com toda a clareza, Jesus declarou que segui-Lo envolveria o tomar uma cruz. ‘Tome a sua cruz’, um instrumento de aflição. ‘No mundo, passais por aflições’ (Jo 16.33), o Senhor assegurou aos seus discípulos. Logo no início, o jovem rico foi informado que a obediência a Jesus traria desconforto e sacrifício. Ao abandonar os grandes deleites de suas paixões carnais, aquele jovem rico precisaria desistir daquilo que era legítimo no que se refere aos preceitos da Lei de Deus. Ele perderia muitos amigos. Precisaria gastar muitas horas num auto-exame e oração. O discipulado é algo que demanda muito de nossa parte.

Apesar de não ser intencional, o engano é uma característica dos apelos modernos, para que as pessoas venham a Cristo. Aqueles que ouvem as pregações são lembrados de que estão tristes, desanimados e mal-sucedidos. A vida é um grande peso para eles. Os problemas os rodeiam, e o futuro traz em si sérias ameaças. Então, os pecadores são convidados a vir a Cristo, que mudará tudo isto e colocará um sorriso em seus lábios. Ele é apresentado como um psicólogo cósmico que solucionará todos os problemas em apenas uma sessão. A disciplina exigida por Cristo nem sequer é lembrada. Ninguém levanta a voz para dizer que seguir a Cristo é sacrificial e árduo.

Não é surpreendente que muitos dos que ‘vão à frente’, para receber a pílula do evangelho moderno, nunca são vistos de novo. Eles reagem como um recruta para a marinha. O sargento que o recrutou disse tudo sobre ver o mundo, sobre a honra e a glória existentes no treinamento. Nada foi dito sobre o acordar de madrugada, sobre as marchas forçadas, sobre os plantões como sentinela. Ninguém mencionou o sangue, o fogo e o terror existentes no campo de batalha. Muitas vezes, o jovem ‘convertido’, após alguns dias de sua ‘profissão’ de fé, acorda e descobre que os problemas permanecem, e a lua-de-mel psicológica é encerrada tão rapidamente.[...]

A integridade exige uma maneira mais honesta de apresentarmos o evangelho. O inquiridor moderno merece ser tratado como o foi o jovem rico. Ele deve ouvir que o Senhor, para Quem estamos chamando-o, espere que ele também leve a sua cruz. Para marcar os corações com a seriedade da decisão, em vez de dizermos: ‘Levante-se e venha à frente’, seria melhor dizermos: ‘Sente-se e pense seriamente. Não tome esta decisão irrefletidamente; quando você decidir por este caminho, não poderá voltar atrás. Há um tesouro no céu, mas ele pertence àquele que toma a sua cruz, na terra’.

Somos chamados a pregar para ‘ossos secos’ (Ex 37). Como Ezequiel, no Antigo Testamento, somos colocados no vale deste mundo, que está cheio de ossos secos, que são os pecadores mortos. Deus nos ordena a profetizar para esses ‘ossos’ (v.4). O propósito de Deus é trazer à vida os que estão espiritualmente mortos, através da pregação. Estes ossos estão ‘sequíssimos’ (v. 2). Não existe neles o menor vestígio de livre-arbítrio. Mas, quando Deus soprar sobre eles, receberão vida e se tornarão em ‘um exército sobremodo numeroso’ que seguirá o Cordeiro – para o louvor da glória de sua graça poderosa.

Perceber isso fará com que focalizemos nossa atenção na oração humilde, para que o poder salvador de Deus nos venha assistir. Nossa confiança, então, descançará não na união organizacional ou nas técnicas psicológicas. [...] Não existe campanha que possa trazer a carne de volta a estes ossos. Nenhuma cooperação entre denominações conseguirá levantar este exército. Quatro passos fáceis nas mãos de evangelistas bem treinados não conseguirão dar vida nova aos pecadores. Somente Deus, trabalhando soberanamente através de um mensageiro fiel, pode ressuscitar os que estão espiritualmente mortos.”

VOLTEMOS AO EVANGELHO PURO E SIMPLES,  O $HOW TEM QUE PARAR!

Nenhum comentário:

Postar um comentário