A morte de Whitney Houston despertou em alguns dos chamados evangélicos um prazer mórbido pelo inferno. Tanto neste blog como no facebook pude encontrar comentários altamente depreciativos quanto ao fim da cantora. Teve gente dizendo que ela foi para o inferno porque era pecadora, mundana e drogada e que Deus fez muito bem em condena-la ao martírio eterno.
O que me assusta é saber que crentes em Jesus falam do Inferno com a maior naturalidade, sem contudo derramar uma lágrima sequer. Confesso que fico estarrecido com o sarcasmo de alguns, bem como a frieza de outros, que com convicção quase que "divina" mandaram a cantora para a casa do capeta.
À luz disso, foi-me impossível não lembrar de Jonathan Edwards que ao tratar sobre o inferno disse:
"Se nós que cuidamos das almas soubéssemos como é o inferno e conhecêssemos a situação dos condenados à perdição, ou se por algum outro meio nos tornássemos conscientes de quão pavorosa é a condição deles; se ao mesmo tempo soubéssemos que a maioria dos homens foi para lá e víssemos que nossos ouvintes não se dão conta do perigo – nestas circunstâncias, seria moralmente impossível que evitássemos mostrar-lhes com muita seriedade a terrível natureza de tal desgraça e como estão extremamente ameaçados por ele. Nós até mesmo lhe clamaríamos em alta voz.
Quando os ministros pregam friamente sobre o inferno, advertindo os pecadores de que o devem evitar, por mais que suas palavras digam que é infinitamente terrível, eles acabam se contradizendo; pois à semelhança das palavras, as ações também têm sua própria linguagem. Se o sermão de um pregador ilustra a situação do pecador como imensamente pavorosa, enquanto seu comportamento e sua maneira de falar contradizem isso – mostrando que ele não pensa assim – tal ministro vai contra seu objetivo, porque neste caso a linguagem das ações é muito mais eficaz do que o significado puro e simples de suas palavras. Não que eu credite que devemos pregar somente a Lei; acontece que ministros talvez preguem suficientemente outras coisas. O evangelho deve ser proclamado tanto quanto a Lei e esta deve ser pregada apenas para preparar o caminho para o evangelho, a fim de que ele possa ser proclamado de modo mais eficaz. A principal tarefa dos ministros é pregar o evangelho: "Porque o fim da Lei é Cristo para a justiça de todo aquele que crê" (Rm 10.4). Portanto, um pregador ficaria muito além da verdade se insistisse demais nos terrores da Lei, esquecendo seu Senhor e negligenciando a proclamação do evangelho. Mesmo assim, porém, a Lei realmente deve ser enfatizada, e sem isso a pregação do evangelho talvez seja em vão.
Certamente, é belo falar com seriedade e emoção, conforme convém à natureza e importância do assunto. Não nego que possa existir um pouco de impetuosidade imprópria, diferente daquilo que, pela lógica, decorreria da natureza do tema, fazendo com que forma e conteúdo não estejam de acordo. Alguns dizem que é ilógico usar o medo a fim de afugentar as pessoas para o céu. Contudo, acho que faz parte da lógica o esforço para afugentar as pessoas do inferno em cujas margens elas se encontram, prontas para cair dentro dele a qualquer momento, mas sem se dar conta do perigo. Não seria justo afugentar alguém para fora de uma casa em chamas? O medo justificável, para o qual há uma boa razão, certamente não deve ser criticado como se fosse algo ilógico."
Caro leitor, os que falam do inferno sem lágrimas nos olhos e com frieza na alma apontam para o fato de que não entenderam a mensagem do Evangelho.
Ouso afirmar que se entendêssemos de toda nossa alma o que significa o inferno não seríamos tão maldosos em nossos comentários, antes pelo contrário, choraríamos diante do Eterno, simplesmente pelo fato de sabermos que uma alma se perdeu.
Pense nisso!
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